Ela morreu aos 27 anos e deixou conselhos

Holly Butcher morreu aos 27 anos na Austrália. A família divulgou a carta que ela escreveu antes de partir.
Holly Butcher era uma jovem australiana e deixou uma carta para ser divulgada depois de morrer. No texto, ela dá vários conselhos de vida e conta o que a doença a obrigou a aprender. Holly tinha 27 anos e morreu no dia 4. Tinha sarcoma de Ewing, um tipo de cancro nos ossos.

PHOTO: Holly Butcher em foto com seu irmão Dean
“É uma coisa estranha perceber e aceitar a tua mortalidade aos 26 anos. É só uma daquelas coisas que se ignora. (…) Sempre me imaginei a envelhecer, a ficar com rugas e com cabelos brancos – provavelmente causados pela bonita família (com muitos filhos) que planeei construir com o amor da minha vida”, começa a carta. “É isso a vida: é frágil, preciosa e imprevisível e casa dia é uma prenda, não um direito adquirido. Tenho agora 27 anos. Não quero ir-me embora. Adoro a minha vida. Sou feliz. Devo-o às pessoas que amo. Mas o controlo está fora das minhas mãos.”
Holly queixou-se de não conseguir falar sobre a morte com as pessoas, por a considerarem um tabu. “Isso tem sido um bocado duro. Só quero que as pessoas parem de se preocupar tanto acerca dos stresses pequenos e insignificantes da vida e se tentem lembrar que todos partilhamos o mesmo destino, por isso façam o possível para que o vosso tempo valha a pena, sem as tretas”, pediu.
“Naquelas alturas em que te queiras queixar sobre coisas ridículas (algo em que reparei tanto nestes últimos meses), pensa nas pessoas que estão a passar por verdadeiros problemas. Agradece o teu pequeno assunto e ultrapassa-o. Não tem mal reconhecer que algo é irritante mas é melhor não pensar sempre nisso para afectar de forma negativa os dias das outras pessoas”, aconselha.
Holly morava em Grafton, Austrália. “Vai para a rua e respira bem fundo este ar australiano nos teus pulmões, vê quão azul é o céu e quão verdes são as árvores. É tao bonito. Pensa no sortudo que és por conseguir fazer apenas isso: respirar.”
A jovem de 27 anos lamentou que haja tantas pessoas a preocuparem-se demasiado com o que não é importante. “Podes ter apanhado trânsito, ou dormido mal porque os teus bebés lindos te mantiveram acordado, ou o teu cabeleireiro pode ter-te cortado o cabelo demasiado curto. As tuas novas unhas falsas podem ter uma falha, as tuas mamas podem ser demasiado pequenas, ou tens celulite no rabo e a tua barriga está a ficar flácida. Liberta-te de tudo isso… Juro que não estarás a pensar nestas coisas quando for a tua vez de ir”, alertou. “É tudo TÃO insignificante quando se olha para a nossa vida como um todo. Estou a assistir ao meu corpo a degradar-se e não posso fazer nada sobre isso, e tudo o que desejo é ter mais um aniversário ou um Natal com a minha família, ou então só mais um dia com o meu namorado e com o meu cão. Só mais um.”
Holly descreve ainda algumas coisas que gostaria de ter feito mais: “Dar, dar, dar. É verdade que se é mais feliz a fazer coisas pelos outros do que a fazê-las por nós. (…)”A sério, façam o que fizer o vosso coração sentir-se feliz. (…) Comam o bolo. Sem culpas.”
Para ela, o consumismo era um grande problema. “Usem o vosso dinheiro em experiências… Ou então não deixem de fazer alguma coisa por terem gasto todo o vosso dinheiro em coisas materiais”, apela.
As redes sociais acabam por influenciar aspectos da vida das pessoas, como se vê neste exemplo dado por Holly: “Tentem só desfrutar e fazer parte dos momentos em vez de os fotografar através do ecrã do vosso smartphone. A vida não é para ser vivida através de um ecrã nem sobre conseguir a imagem perfeita… Aproveitem o momento, pessoas! Parem de o tentar captar para os outros verem.”
“Digam não a coisas que não querem mesmo fazer. Não se sintam pressionados a fazer o que as outras pessoas consideram uma vida gratificante. Podem querer uma vida medíocre e está tudo bem”, considerou Holly. “Digam que amam as pessoas que amam sempre que tiverem oportunidade e façam-no com tudo o que têm.”
“Lembrem-se, se há alguma coisa que vos deixe tristes, têm o poder de a mudar – no trabalho ou no amor ou onde quer que seja. Tenham a coragem de mudar. Não sabem quanto tempo têm nesta Terra por isso não o gastem a estar tristes”, salienta a carta. O documento termina com Holly a apelar à doação de sangue, que a ajudou a viver mais um ano.
A carta divulgada no Facebook conta com mais de 9 mil gostos e mais de 7 mil partilhas.