Gaeco questiona decisão de Gilmar Mendes

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu habeas corpus ao ex-governador, que deixou a prisão neste sábado
O Ministério Público do Paraná (MPPR) afirmou, neste sábado (15), que vai examinar a possibilidade de entrar com recurso para reverter a decisão do ministro Gilmar Mendes, que concedeu habeas corpus ao ex-governador Beto Richa (PSDB). O procurador de Justiça e coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, disse que o órgão não concorda com a soltura do investigado, que teria sido realizada por um ministro “escolhido por estratégia duvidosa”.
O coordenador ainda ressaltou que o MPPR e o Gaeco agiram “do modo mais correto e profissional possível” durante as investigações, sem nenhuma tentativa de perseguição política. “Embora fôssemos conscientes da situação dos investigados, nós entendemos que deveríamos manter o que a legislação estabelece, que é agir quando se tem o conhecimento de um fato e apurá-lo. Não há vedação legal para um trabalho de investigação ou prisão em período eleitoral”, completou.
Ele comentou que, na visão do Gaeco, a operação poderia ser igualmente criticada ou prejudicada se fosse realizada fora do período eleitoral. “Se fosse depois e o ex-governador tivesse vencido a eleição para o Senado, ouviríamos que estaríamos adotando uma ação para enfraquecê-lo e prejudicá-lo. Se, por outro lado, não fosse eleito, diriam que estaríamos nos aproveitando para persegui-lo em uma situação desconfortável”.
Recurso
Preso na terça-feira (11), Beto Richa foi solto na madrugada deste sábado por decisão de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, o MPPR vai avaliar as hipóteses de recurso em relação ao habeas corpus que tirou o ex-governador da prisão. “O pedido foi feito especificamente a esse ministro, que tem uma posição já sabida devido a entrevistas que concedeu à imprensa anteriormente. Esse habeas corpus é tão abrangente que pode causar problemas em casos extremos”, concluiu.
Defesa de Richa
Ao deixar o regimento da Polícia Montada, em Curitiba, onde estava preso, Richa declarou que vai retomar sua candidatura ao Senado nas eleições 2018 e que a prisão contra ele foi uma “crueldade”.
“O que fizeram comigo foi uma crueldade enorme, não merecia o que aconteceu, mas estou de cabeça erguida e continuo respondendo todas as acusações sem a menor dificuldade”, disse.
O tucano foi preso acusado de chefiar um esquema de desvios em um programa de manutenção de estradas rurais enquanto era governador do estado. A ex-primeira-dama Fernanda Richa, que também foi detida, recebeu o alvará de soltura antes do marido e foi solta por volta da meia-noite.