Cantor Sérgio Reis, de 81 anos, responderá a inquérito por convocar paralisação de caminhoneiros contra o STF

Após a divulgação de um áudio pelo WhatsApp, o cantor Sérgio Reis, de 81 anos, responderá a inquérito da Polícia Civil do Distrito Federal. Na mensagem de voz, que circulou pelas redes sociais neste final de semana, o cantor e ex-deputado federal informa que esteve reunido com lideranças do agronegócio e dos caminhoneiros e convoca para uma paralisação nacional pela implantação do voto impresso e pelo afastamento de ministros do Supremo Tribunal Federal. No áudio, em tom de conversa informal, Serjão diz:

“No dia 8 de setembro, eu vou até o Rodrigo Pacheco (presidente do Senado) com dois líderes dos caminhoneiros e dois líderes do Sindicato da Soja. Vamos entregar para o presidente do Senado, não um pedido, mas uma intimação para que aprovar o voto impresso e tirar todos os ministros do Supremo Tribunal Federal. Não é um pedido, é uma ordem. Se não cumprirem em 72 horas, o país vai parar todo de leste a oeste, de norte a sul. Os plantadores de soja vão colocar as colheitadeiras na estrada, ninguém pode andar em carro particular nem em ônibus, só passa ambulância, polícia e bombeiro. Nós vamos ficar em Brasília e nós saímos de lá até isso acontecer. Se eles não fizerem nós vamos invadir aquilo e quebrar tudo.”

Mais uma vez, a estrutura policial do Estado será colocada para investigar um homem idoso e querido, cuja único “crime” é exigir o cumprimento da Constituição e o afastamento dos membros de uma Corte que vem pisoteando seguidamente a ordem jurídica no Brasil. Nestes anos todos, nenhuma liderança de esquerda foi incomodada após defender ― e muitas vezes realizar ― invasões de prédios públicos e agressão a adversários políticos. Mas o Serjão não pode, porque o Serjão é cristão, de direita e amigo do presidente Bolsonaro.

Um detalhe curioso: a Polícia Civil de Brasília é a mesma que, em 2020, invadiu uma chácara do Movimento dos 300 (de apoiadores do governo Bolsonaro). Armados até os dentes, os policiais encontraram uma faca cega, meia dúzia de cartazes e uma camiseta do Ursinho Pooh. Só peço uma coisa: não levem a violinha que Serjão ganhou de seu pai aos 7 anos, e na qual aprendeu a tocar, antes de se tornar uma das vozes mais conhecidas da música brasileira.